
Formado em Filosofia e Literatura, cedo mostrou preocupações sociais – em 1924 ganha uma bolsa para estudar, nos Estados Unidos, os problemas da imigração. Apercebe-se da dificuldade do cidadão comum em discutir e opinar sobre questões mais complexas da sociedade moderna. O início do século XX colocava, em vários países do mundo (Alemanha, União Soviética, França, Inglaterra, Canadá, Estados Unidos – independentemente das ideologias seguidas) a possibilidade do uso dos meios de comunicação, então existentes (a rádio, o cartaz, os jornais e o recente cinema), como instrumentos doutrinários e de propaganda. E, porque não, também como um instrumento pedagógico? Foi nesta vertente que Grierson se propôs pensar o uso da imagem cinematográfica.


Segundo Grierson, só seria possível criarem-se as bases para a estrutura da democracia dos tempos modernos através de sistemas adequados de educação e informação públicos; sistemas esses que deviam ser comunicados através de meios fílmicos. Para ele, o método tradicional de ensino não era mais capaz de realizar a tarefa de criar cidadãos informados e conscientes do seu papel cívico; para que isso acontecesse seria necessário ir além da sala de aula e atender às necessidades imediatas da sociedade. A propaganda seria, assim, a resposta a esta necessidade. Grierson acreditava no papel pedagógico e positivo da propaganda – não a propaganda fascista ou nazi, mas a propaganda que promovesse a democracia. E o documentário era o melhor meio para veicular a mensagem de cidadania.
Desafiando a indústria fílmica ‘hollywoodesca’, Grierson procurava, então, demonstrar que o cinema podia se servir da vida quotidiana como temática base e ser muito mais interessante em termos sociais e artísticos.
Ao contrário de Flaherty, Grierson perseguia a ideia que o documentário devia servir a sociedade, abordando os problemas sociais e económicos e tentando encontrar a resposta para os mesmos – atribuindo-lhes, assim, uma utilidade pública. Grierson admirava o trabalho de Flaherty, mas, segundo ele, faltava-lhe algo: faltava-lhe apresentar soluções para os povos que filmava.

Bibliografia
Ian Aitken, The Documentary Film Movement – An Anthology, Edinburgh University Press, 1998
Manuela Penafria, O filme documentário em debate: John Grierson e o movimento documentarista britânico, in <http://bocc.unisinos.br/pag/penafria-manuela-filme-documentario-debate.pdf> [última cons.: 18/12/2009]
Ian Aitken, The Documentary Film Movement – An Anthology, Edinburgh University Press, 1998
Manuela Penafria, O filme documentário em debate: John Grierson e o movimento documentarista britânico, in <http://bocc.unisinos.br/pag/penafria-manuela-filme-documentario-debate.pdf>
-muito bom!
ResponderEliminar