sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

REALIDADE E FICÇÃO

A questão da realidade e ficção já não tem discussão, uma vez que a ficção dos dias de hoje acaba por ser uma representação do real tentando ser o mais verídico possível, mas nada é totalmente verdade, tudo depende do ponto de vista do espectador. Assim misturar a realidade com a ficção pode ser visível em vários filmes, documentários e também em telenovelas. Neste ultimo exemplo apresentado, cada vez é mais evidente a passagem da realidade para a ficção, fazendo assim com que se criem “laços” com o espectador. A ideia da maioria das pessoas é que a novela é somente um conjunto de histórias criadas para entreter o público, embora exista uma grande polémica em torno desta questão, as novelas são um exemplo que pode reflectir, criticar e retratar a vida real e abordar os problemas das diferentes sociedades nos dias de hoje, pois estas são cada vez mais cópias da realidade, onde cada detalhe é importante e pensado ao mínimo pormenor.
As novelas de um modo geral acabam por “manipular” a sociedade e tornam-se num aspecto fundamental na criação de massas de manobra, daí dizer-se que, se por um lado é positivo e dá a conhecer o real, por outro acabam por mostrar “histórias” que vendem, influenciando quem as vê. Especificamente, irei salientar algumas das novelas de Manoel Carlos e de Gloria Perez que na rede Globo têm demonstrado aspectos bastante importantes e que dão ao espectador uma visão diferente e desconhecida de certos assuntos, alguns ainda considerados “tabus” na sociedade actual. No caso das novelas de Manoel Carlos, que foram grandes sucessos, nomeadamente “Laços de família”, “Mulheres apaixonadas”, “Páginas da vida” e agora em exibição “Viver a vida”, são usados temas pertinentes, chegando mesmo a utilizar acontecimentos reais e testemunhos verídicos e incuti-los dentro das diversas histórias encadeadas da novela. Assim, através de temas como o alcoolismo, a droga, a anorexia, o amor, a violência e doenças que cada vez mais afectam as pessoas nos dias de hoje, Manoel Carlos tenta envolver o público com os dramas da vida real, que acaba por se identificar com a ficção que ali se vê, tornando-se exemplos de vida.
Por exemplo, na novela “páginas da vida”, relembro que incluíram uma cena real de um parto dentro da história fictícia, ou então, os testemunhos reais de famílias com crianças com trissomia 21 ou síndrome de down que realmente pertenciam ao elenco da novela e explicavam ao público como lidar com esta doença. Estes são pormenores que demonstram a qualidade da veracidade na história. No caso mais recente da novela “viver a vida” há o exemplo da “drunkorexia”, a chamada anorexia alcoólica, que através de um personagem fictício, trata deste distúrbio. No final de cada episódio podem ver-se testemunhos verídicos de pessoas que falam da sua vida, contando dramas e problemas por que passaram mas que acabaram por superar e este é realmente o tema da novela, viver a vida de todas as formas, sendo o mais importante viver.


Nas novelas de Manoel Carlos são sempre abordados temas e questões reais da sociedade actual. Já no caso de algumas novelas de Glória Perez existe uma ficção bastante realista, pois ela fala de outras culturas e modos de vidas diferentes da cultura oriental, como por exemplo, na novela “o clone” e em “caminho das Índias” onde se pretendia demonstrar um pouco das diferentes culturas e do papel que as mulheres têm na sociedade e em como a religião gere os costumes daqueles países. Toda a cultura destes países foi estudada detalhadamente para apresentar, fazendo com que a representação da realidade esteja sempre presente .

Assim pode concluir-se que as novelas não são a realidade em si, mas uma representação muito próxima do que é real, passando, desta forma, ideais que acabam por ser “consumidos” pelo espectador, dependendo do ponto de vista de cada um.


TRABALHO ELABORADO POR: Carina Encarnação nº 28963 Estudos Artísticos

1 comentário:

  1. Muito interessante esta abordagem, Carina. Este assunto torna-se cada vez mais comum nas telenovelas brasileiras e permitem não apenas uma maior empatia do público e, claro, altos índices de audiências, mas também um trabalho de cunho social e político na formação de mentalidades por parte da televisão que me parece ser bastante importante.

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