Mostrar mensagens com a etiqueta Montagem. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Montagem. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Extracto do ABC dos Kinoks

(extracto de Entusiasmo, de Dziga Vertov. música: The Tiny, Everything Is Free)


No Extracto do ABC dos Kinoks estão sintetizados os métodos de montagem, e os conceitos de Cine-Olho e Rádio-Olho.



A montagem é definida como organização das filmagens sem desvios teatrais, como a escolha de cenas, ou desvios literários, como a utilização de legendas. É considerado que o filme está em montagem ininterrupta, desde a escolha do tema até à edição definitiva.



A montagem é dividida em três fases.


- Primeiro inventariara-se todos os dados documentais que tenham alguma relação com o tema; para se revelar o plano temático.


- Seguidamente, trata-se do plano de filmagem, que é o resultado da selecção e triagem das observações humanas.


- Finalmente faz-se a montagem final que é o resumo das observações inscritas na película pelo Cine-Olho; obtido através da associação das filmagens do mesmo tipo e do seu encadeamento rítmico e visual.



O Cine-Olho está definido como montagem na escolha do tema, nas observações feitas para o tema, e no estabelecimento da ordem de sucessão do material filmado.



A progressão de imagens é uma unidade complexa, formada pela correlação de planos, enquadramentos, movimentos no interior das imagens, luzes, sombras, e velocidades de imagens. Desta maneira, o autor determina a ordem de alternância ou sequência das filmagens, e o comprimento de cada alternância.



O Rádio-Olho foi definido pelos rarioks como um cinema sonoro não encenado.



Em suma, O décimo primeiro ano(1928), ou O homem com a câmara(1929) foram feitos como filmes visíveis e audíveis, e são bons exemplos do tipo de cinema defendido pelos kinoks.

A Resolução do Conselho dos Três

A Resolução do Conselho dos Três, escrita em 1923, deu enfoco aos problemas que o kinokismo pretendia resolver; a situação cinematográfica da época era, então, considerada desfavorável, pois notava-se uma aliança forte entre o capitalismo e a arte.


O Conselho dos Três descura a autoria, porque considera imperativo a publicação imediata dos princípios e das palavras de ordem da revolução. No livro Revolução Kinok, Vertov explica o carácter da revolução.


- O primeiro ponto aborda a repudiação de todos os filmes, sem excepções.
Também refere que a utilização do cinema noutros sectores científicos é aprovada, mas, somente, como função acessória; pois o essencial é a cine-sensação do mundo.
É defendido o uso da câmara como cine-olho porque esta capta, colhe e fixa, com maior perfeição os fenómenos visuais que enchem o espaço. O olho humano tem limitações que não se encontram na mecânica. Assim, a câmara distanciou-se da imitação e da cópia, pretendendo seguir na direcção contrária.


- O segundo ponto do livro aborda a possibilidade do realizador direccionar o espectador para os fenómenos visuais pretendidos. A câmara pode focar, em determinada ordem e organização, os detalhes, pela utilização da montagem.


- O terceiro ponto enfatiza o papel do montador e a inovação do Cine-Olho, na criação de fenómenos aparentemente irrealizáveis.


- No quarto ponto é ressaltada a nova percepção do mundo, oferecida pelo Cine-Olho, afirmando-o como um movimento contínuo. O Cine-Olho permite combinações complicadas e justaposição de movimentos.
Por fim é referida a importância sonora na visualidade do cinema. Às impressões visuais devem ser retirados elementos supérfluos, para que fique apenas um resumo organizado destas, recebidas pelo olho comum.


O Cine-Olho busca um movimento próprio, fazendo experiências de estiramento, de fragmentação ou de absorção do tempo, inacessíveis ao olho humano.


O piloto-kinok é apontado como ajudante da máquina, dirigindo os movimentos da câmara e entregando-se a esta para vivenciar o espaço.


De seguida, estão descurados os dramas psicológicos ou policiais no cinema, pois pela montagem, e respectivos intervalos, conseguem-se introduzir temas políticos ou económicos de uma maneira subtil.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dziga Vertov e o Manifesto dos Kinoks


DZIGA VERTOV




O documentarista e jornalista russo Dziga Vertov insere-se no movimento estético construtivista russo.
Fundou o grupo de documentaristas Kinok, que era apologista do progresso mecânico; criou o conceito de Cine-Olho, e inseriu no meio cinematográfico a ideia de Verdade no cinema.



O grupo de documentaristas Kinok escreveu o Manifesto(1919) que pretendeu afirmar a independência da arte cinematográfica.


O Manifesto descreve as influências do, adverso, cinema americano apenas em relação à velocidade conferida às imagens e à utilização de grandes planos, pois este tipo de cinema era considerado desordenado e pouco fundamentado.


O futuro da arte cinematográfica afirmava-se como negação do seu presente, procurando um ritmo próprio distante de outros tipos de arte, como a literatura, música ou teatro. O espaço cinematográfico foi assumido em 4 dimensões, incluindo o tempo.


O progresso tecnológico teve uma enorme influência no kinokismo, pois pretendia-se equiparar o Homem à exactidão da máquina. Logo, o novo homem tornou-se no tema nobre dos filmes.


Está aconselhada uma metodologia para todos os teóricos cinematográficos, que se baseia no conhecimento do metro, do ritmo, da natureza do movimento e da respectiva disposição rígida relacionada aos eixos das coordenadas da imagem, ou suas dimensões. É exigido do movimento necessidade, precisão e velocidade. Quanto à montagem, esta deve representar um resumo geometrizado do movimento, obtido através da alternância das imagens.


Ao contrário do que os filmes de Vertov dão primeiramente a entender, o material é constituído pelos intervalos, e não pelo movimento em si. Estes conduzem a acção para o desdobramento cinemático. A organização dos elementos, dos intervalos na frase, divide-se em cada frase por ascensão, ponto culminante e queda de movimento; considerando a obra feita por frases, e cada frase feita por intervalos de movimentos.


O kinok deve anotar com precisão um cine-poema após a sua concepção. Para tal, é necessário um conhecimento prévio dos signos gráficos do movimento, chamado de cine-gama.


O kinokismo também permite a realização do irrealizável, pela imaginação do movimento de objectos no espaço.


(extracto d'O homem com a câmara, Dziga Vertov)