segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Resolução do Conselho dos Três

A Resolução do Conselho dos Três, escrita em 1923, deu enfoco aos problemas que o kinokismo pretendia resolver; a situação cinematográfica da época era, então, considerada desfavorável, pois notava-se uma aliança forte entre o capitalismo e a arte.


O Conselho dos Três descura a autoria, porque considera imperativo a publicação imediata dos princípios e das palavras de ordem da revolução. No livro Revolução Kinok, Vertov explica o carácter da revolução.


- O primeiro ponto aborda a repudiação de todos os filmes, sem excepções.
Também refere que a utilização do cinema noutros sectores científicos é aprovada, mas, somente, como função acessória; pois o essencial é a cine-sensação do mundo.
É defendido o uso da câmara como cine-olho porque esta capta, colhe e fixa, com maior perfeição os fenómenos visuais que enchem o espaço. O olho humano tem limitações que não se encontram na mecânica. Assim, a câmara distanciou-se da imitação e da cópia, pretendendo seguir na direcção contrária.


- O segundo ponto do livro aborda a possibilidade do realizador direccionar o espectador para os fenómenos visuais pretendidos. A câmara pode focar, em determinada ordem e organização, os detalhes, pela utilização da montagem.


- O terceiro ponto enfatiza o papel do montador e a inovação do Cine-Olho, na criação de fenómenos aparentemente irrealizáveis.


- No quarto ponto é ressaltada a nova percepção do mundo, oferecida pelo Cine-Olho, afirmando-o como um movimento contínuo. O Cine-Olho permite combinações complicadas e justaposição de movimentos.
Por fim é referida a importância sonora na visualidade do cinema. Às impressões visuais devem ser retirados elementos supérfluos, para que fique apenas um resumo organizado destas, recebidas pelo olho comum.


O Cine-Olho busca um movimento próprio, fazendo experiências de estiramento, de fragmentação ou de absorção do tempo, inacessíveis ao olho humano.


O piloto-kinok é apontado como ajudante da máquina, dirigindo os movimentos da câmara e entregando-se a esta para vivenciar o espaço.


De seguida, estão descurados os dramas psicológicos ou policiais no cinema, pois pela montagem, e respectivos intervalos, conseguem-se introduzir temas políticos ou económicos de uma maneira subtil.

2 comentários:

  1. O Concelho dos Três foi criado em 1922 por Dziga Vertov, sua mulher Svilova e seu irmão Mijail e sendo depois designado de kinoks (kino-cine e oko- olho).
    A partir do primeiro manifesto Vertov desenvolve a prática de ralizações de documentarios tal como de textos teóricos. E tudo o que colhia do real eram objectos de textos - onde continha as ideias dos manifestos: relação entre olho, câmara, realidade e montagem. A construção da expressão de todas as suas experiências cinematográficas eram baseadas na articulação desses quatro elementos.
    No fundo é o Concelho dos Três que vai revolucionar o cinema da época.
    É reforçado, com ele, o conceito de cine-olho, o de montagem (sem a qual não poderiamos conjugar elementos de forma a provocar uma sensação); também afirmada a possibilidade de contrução de acontecimentos irreais através desses dois conceitos. Também apoia a importância do uso do som na visualização das imagens e que estas devem-se resumir ao essencial e não serem apresentadas todas as recolhidas. No fim, a ideia do que é visto não nos é directamente fornecido por cada imagem, mas sim pela conjugação de todas elas mais o som e todos os aspectos associados à produção do "filme" organizado pelo olho humano.

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  2. Muito bom resumo do texto e muito bom comentário!

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