O documentarista e jornalista russo Dziga Vertov insere-se no movimento estético construtivista russo.
Fundou o grupo de documentaristas Kinok, que era apologista do progresso mecânico; criou o conceito de Cine-Olho, e inseriu no meio cinematográfico a ideia de Verdade no cinema.
O grupo de documentaristas Kinok escreveu o Manifesto(1919) que pretendeu afirmar a independência da arte cinematográfica.
O Manifesto descreve as influências do, adverso, cinema americano apenas em relação à velocidade conferida às imagens e à utilização de grandes planos, pois este tipo de cinema era considerado desordenado e pouco fundamentado.
O futuro da arte cinematográfica afirmava-se como negação do seu presente, procurando um ritmo próprio distante de outros tipos de arte, como a literatura, música ou teatro. O espaço cinematográfico foi assumido em 4 dimensões, incluindo o tempo.
O progresso tecnológico teve uma enorme influência no kinokismo, pois pretendia-se equiparar o Homem à exactidão da máquina. Logo, o novo homem tornou-se no tema nobre dos filmes.
Está aconselhada uma metodologia para todos os teóricos cinematográficos, que se baseia no conhecimento do metro, do ritmo, da natureza do movimento e da respectiva disposição rígida relacionada aos eixos das coordenadas da imagem, ou suas dimensões. É exigido do movimento necessidade, precisão e velocidade. Quanto à montagem, esta deve representar um resumo geometrizado do movimento, obtido através da alternância das imagens.
Ao contrário do que os filmes de Vertov dão primeiramente a entender, o material é constituído pelos intervalos, e não pelo movimento em si. Estes conduzem a acção para o desdobramento cinemático. A organização dos elementos, dos intervalos na frase, divide-se em cada frase por ascensão, ponto culminante e queda de movimento; considerando a obra feita por frases, e cada frase feita por intervalos de movimentos.
O kinok deve anotar com precisão um cine-poema após a sua concepção. Para tal, é necessário um conhecimento prévio dos signos gráficos do movimento, chamado de cine-gama.
O kinokismo também permite a realização do irrealizável, pela imaginação do movimento de objectos no espaço.
(extracto d'O homem com a câmara, Dziga Vertov)
Bom trabalho, Joana!
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