(extracto de Entusiasmo, de Dziga Vertov. música: The Tiny, Everything Is Free)
No Extracto do ABC dos Kinoks estão sintetizados os métodos de montagem, e os conceitos de Cine-Olho e Rádio-Olho.
A montagem é definida como organização das filmagens sem desvios teatrais, como a escolha de cenas, ou desvios literários, como a utilização de legendas. É considerado que o filme está em montagem ininterrupta, desde a escolha do tema até à edição definitiva.
A montagem é dividida em três fases.
- Primeiro inventariara-se todos os dados documentais que tenham alguma relação com o tema; para se revelar o plano temático.
- Seguidamente, trata-se do plano de filmagem, que é o resultado da selecção e triagem das observações humanas.
- Finalmente faz-se a montagem final que é o resumo das observações inscritas na película pelo Cine-Olho; obtido através da associação das filmagens do mesmo tipo e do seu encadeamento rítmico e visual.
O Cine-Olho está definido como montagem na escolha do tema, nas observações feitas para o tema, e no estabelecimento da ordem de sucessão do material filmado.
A progressão de imagens é uma unidade complexa, formada pela correlação de planos, enquadramentos, movimentos no interior das imagens, luzes, sombras, e velocidades de imagens. Desta maneira, o autor determina a ordem de alternância ou sequência das filmagens, e o comprimento de cada alternância.
O Rádio-Olho foi definido pelos rarioks como um cinema sonoro não encenado.
Em suma, O décimo primeiro ano(1928), ou O homem com a câmara(1929) foram feitos como filmes visíveis e audíveis, e são bons exemplos do tipo de cinema defendido pelos kinoks.
Tal e qual. O Homem da câmara é definitivamente o seu filme experimental maior. Nele estão definidas as suas grandes técnicas (a sua própria linguagem cinematográfica) e também o melhor exemplo do que definiam as teorias dos kinoks. No fundo, o que Vertov queria era mostrar a relação da vida tal como ela é segundo a realidade do olho humano (impefeito) e a realidade tal como ela é vista segundo o ponto de vista/olho da câmera- preocupação de captar os acontecimentos logo na altura em que ocorriam.
ResponderEliminarE para isto usava exactamente a montagem (visual e sonora), o cine-olho (meio de registar a vida, o movimento e os sons, organizando-os através da montagem) e o improviso ("filmes" sem nenhum tipo de apoio documental).