quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Aprender Antropologia - parte II

a) O Estudo do Homem Inteiro

O autor refere que a antropologia tem o dever de fazer uma abordagem integrativa do ser humano, tendo em conta as suas múltiplas dimensões na sociedade. Essa integração deve ter em conta, não só o objecto de estudo mas também o campo de investigação, ou seja, a antropologia contemporânea deve caracterizar-se pela multidisciplinaridade; deve trabalhar em conjunto com outras áreas de conhecimento. O autor identifica cinco principais áreas de que a antropologia se socorre e com as quais mantém estreitas relações:

1) Antropologia biológica – adopta uma abordagem “darwinista”, estudando as relações entre a genética (morfologia e fisiologia) e o meio (geográfico, ecológico e social) e as suas evoluções. Permite identificar o que é inato e o que é adquirido.
2) Antropologia pré-histórica – relacionada com a arqueologia, faz uma abordagem dos vestígios materiais deixados pelo homem.
3) Antropologia linguística – realiza não só estudos dos dialectos mas aborda também as questões que as novas técnicas de comunicação (média e audiovisuais) colocam.
4) Antropologia psicológica – estuda os processos psíquicos, não de comunidades mas de indivíduos.
5) Antropologia social e cultural (ou etnologia) – área de estudo mais abrangente visto que “diz respeito a tudo o que constitui uma sociedade”: produção económica, organização política e jurídica, sistemas de parentesco, religião, língua, psicologia e criação artística. O autor refere que é este tipo de antropologia que vai desenvolver a fundo neste seu livro, já que esta abordagem antropológica adopta uma perspectiva de totalidade, imprescindível para a prática da antropologia, na opinião Laplantine.

b) O Estudo do Homem em sua Diversidade

Como já foi referido atrás, a antropologia começou por se dedicar ao estudo das sociedades “primitivas” e, como também já vimos, a abordagem feita a essas sociedades exteriores às ocidentais permitiu uma melhor compreensão, por sistemas de comparação, das próprias sociedades “civilizadas”.

De facto, o “estranhamento” que o encontro entre culturas provoca “vai levar a uma modificação do olhar que se tinha sobre si mesmo. Presos a uma única cultura, somos não apenas cegos à dos outros, mas míopes quando se trata da nossa. […] O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única.” (p. 21).

Porque o que une o ser humano é exactamente a capacidade de o homem se diferenciar do “outro”, de criar diversas formas de organização social e modos de vida – e é isto que constitui as diferentes culturas.

Para Laplantine, a antropologia é, então, o reconhecimento/conhecimento que contribui para a compreensão de uma humanidade plural, diversificada, multicultural, na qual se podem estabelecer diferenças e semelhanças.

Mas será que existe unidade dentro da própria comunidade antropológica? O autor refere que tem havido algumas dificuldades em definir a essência da antropologia, ideia que ele desenvolve no seguinte e último subtítulo.

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