Conclusão:
O autor apresenta a sua teoria, de forma a defender o que acredita, criticando o que não acha correcto, demonstrando ser possível o desenvolvimento da sua teoria da ficção e da não ficção e constatando com perguntas a si próprio para ver viabilidade das respostas.
E conclui que dizer que um filme é um “documentário” é o mesmo que dizer que se trata de “um filme de asserção pressuposta”, e se há alguém que não acredite, eles que expliquem o por quê.
O autor apresenta a sua teoria, de forma a defender o que acredita, criticando o que não acha correcto, demonstrando ser possível o desenvolvimento da sua teoria da ficção e da não ficção e constatando com perguntas a si próprio para ver viabilidade das respostas.
E conclui que dizer que um filme é um “documentário” é o mesmo que dizer que se trata de “um filme de asserção pressuposta”, e se há alguém que não acredite, eles que expliquem o por quê.
Neste seu texto Noël Carroll (filósofo e jornalista americano doutorado em Estudos Cinematográficos) faz uma abordagem algo complexa da problemática do que deve ser considerado como filme do género documental.
ResponderEliminarO autor parte da definição do conceito de documentário criada por John Grierson, de que tal género de filme deve ter uma dimensão criativa e não se resumir à simples amostragem da realidade. Carroll considera esta definição demasiado restrita, mas também não quer cair no extremo de afirmar que o documentário inclui tudo o que é não-ficção.
O autor propõe, assim, a designação de cinema de asserção pressuposta para definir a essência do filme documental, classificando-o como uma subcategoria da não-ficção. Começa por distinguir ficção da não-ficção. Parte do exemplo da literatura e refere que as questões de estilo e técnica e as questões de género não são determinantes para distinguir estes dois tipos de narrativas. A distinção entre ficção e não-ficção é, para Carroll, uma questão conceitual, teórica, filosófica, logo, implica reflexão e interpretação.
O autor utiliza, então, o que apelida de modelo comunicativo de intenção-resposta para definir um produto ficcional: o cineasta explicita as suas intenções autorais no produto fílmico de modo a direccionar o olhar do público. De forma inversa, o cinema de asserção pressuposta de Carroll nega esta preocupação com a recepção por parte do espectador – o documentário deve ser de tal forma objectivo e verdadeiro que não há que ter preocupações com as leituras subjectivas do público. Nesta concepção de cinema não há espaço para interpretações e leituras variadas, só para leituras concretas e objectivas – Carroll não encara, de facto, o documentário como um objecto artístico.
Noël Carroll considera o conceito “griersoniano” de documentário demasiado restrito, mas na minha opinião é a visão de Carroll que soa muito limitativa do que pode ser definido como objecto documental. Carroll descreve de forma rigorosa como se fazer a distinção entre ficção e não-ficção mas, será que se consegue fazer essa distinção de forma tão simples e linear? E será possível conceber um filme documental de forma totalmente objectiva? Não possuem todas as produções humanas alguma carga de subjectividade adjacente?
O ponto de vista deste autor deixa-me algumas reservas, principalmente quando confrontado com outras perspectivas, nomeadamente de Bill Nichols que apresenta uma visão mais aberta do que é um documentário; para Nichols todos os produtos fílmicos, documentais ou não, são sempre construções de realidades, logo, a linha que divide ficção e não-ficção torna-se mais ténue.
Carroll, neste seu ensaio (que apresenta uma narrativa um pouco repetitiva e por vezes maçadora, porque “mastiga” em demasia determinadas ideias) faz uma abordagem de definição do género documental que me parece, hoje, em pleno século XXI, já ultrapassada. O seu contributo para esta problemática da essência do documentário, quanto a mim, tem apenas o mérito de servir como apenas mais um ponto de vista ao qual se pode (e deve) contrapor outras opiniões.
Ana Raquel Silva
EA – 33717
Muito bom resumo, Milene, entretanto evite expressões como "ficar com o pé atrás" ao fazer trabalhos desta natureza.
ResponderEliminarBom comentário, Ana Raquel. Esta discussão é importante para se definir o campo de estudos do documentário, que por incrível que pareça ainda não se estabeleceu como deveria em pleno séc. XIX. A definição de cinema de asserção pressuposta consegue, de certo modo, sair da discussão que se coloca entre ficção e realidade, a define com outros pressupostos, por isso é que é importante.