quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Michael Moore e uma narrativa do mal (Segunda Parte)

Hoje em dia, a inovação tecnológica permite um fácil acesso ao universo da injustiça. Tanto a televisão como a Internet mostram de forma crua e nua a realidade, através de “ (…) imagens “sem cortes”, sem disciplina nem enquadramento (…) “, e isto é uma visão altamente negativa. Contrariamente a esta visão, está a visão de Michael Moore que é forte apologista de que o olhar humano é regulador e capaz de não se deixar impressionar. Uma vez que o mundo sensível é construído através de produções televisivas, fílmicas e literárias, Moore só tem de retirar o mais importante destas produções e incluir os conteúdos extraídos nos seus documentários. Da televisão Moore retira algumas formas convocatórias, acreditando na coordenação do relato, da imagem, dos sentidos, não deixando de administrar a personagem criada, tentando mostrar, através do seu ponto de vista, a diferença entre duas primordiais dicotomias: o bem e o mal. Se nos focarmos nesta questão entre o bem e o mal, podemos regressar ao passado e relembrar as obras anteriormente mencionadas – “Roger e eu” e “The Big One”, uma vez que Michael Moore tecia críticas ao poder político, serpenteado pela exploração vivida pelos trabalhadores das fábricas. Obviamente que Moore sabe que todas estas questão atraem os espectadores, e caso isso não aconteça, acrescenta ao documentário um signo representativo de autoridade, ou seja, uma figura central que se afirma como a protagonista. Ao recolher relatos das pessoas mais “simples” (como desempregados e sem-abrigo) – que podem ser consideradas actores convidados, Michael Moore busca a “ (…) verdade de cada fragmento (…) “ afirmando-se como o juiz que actua sobre a amnésia social.
O chamado documentário social incide sobre este processo comum (consciente ou não) que afecta a informação. Como o próprio nome indica, a amnésia caracteriza-se pela perda progressiva de informação e imagens, podendo estar associada à censura e conveniência. Para a combater, o documentarismo resgata a história através do recurso a arquivos, transformando-a num novo saber crítico – a que se dá o nome de processo de memória. Existem alguns documentários de Michael Moore que são considerados importantes arquivos históricos: o anteriormente mencionado “Tiros em Columbine”, bem como “Fahrenheit 9/11”, que trazem à tona acontecimentos passados como a violência e a guerra, que perduram até aos dias de hoje mas que são facilmente esquecíveis.

Parte do documentário "The Awful Truth" em que Michael Moore expõe os erros cometidos pela polícia: http://www.youtube.com/watch?v=xeOaTpYl8mE

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